domingo, 7 de novembro de 2010

A fórmula mágica

No ano passado, quando a peça "Palhaços" estava em cartaz lá na Companhia do Feijão, não entendia o porquê de tanto alvoroço, as pessoas se matando para reservar ingresso e lugar. Na época, eu fui vencida pelo cansaço e acabei deixando para lá. O "preguição" perdurou até semanas atrás, quando finalmente resolvi assisti-la, dessa vez no Galpão do Folias.

O roteiro (texto de 74, do dramaturgo Timochenco Wehbi) é cômico e brutal ao mesmo tempo. O palhaço e um fã da platéia, ao se conhecerem, mostram suas fragilidades e fracassos, mas também as ilusões que criaram para tentar se proteger ou provar (não se sabe para quem) que são alguém. A peça fala sobre a mediocridade das nossas escolhas e sobre a profunda solidão humana, que se apresenta com diferentes máscaras.

Também foi lindo ver como os atores vivem tão bem o jogo entre eles: parece que um sabe quando o outro vai respirar. Extrema inteligência cênica e cuidado com a relação que experimentam no palco, fundamental no trabalho do clown, no qual a peça está fundamentada. É este tônus que mantêm a qualidade do espetáculo do começo ao fim.

Danilo Grangheia é daqueles atores que fazem do mínimo o máximo. Tudo é pouco, pequeno, delicado e calculado. É como um calmo vulcão prestes a explodir. A força que ele empresta ao personagem está no riso nervoso de quem acha que é feliz ou no olhar indignado (porém passivo) de quem acaba de ser enganado por um simples e tolo palhaço do circo. Lindo!

Leia aqui o texto do diretor Gabriel Carmona.


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