sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Ode ao amor

No primeiro dia do festival Satyrianas, assisti "Amares...ia", criação coletiva do Núcleo Experimental do Satyros (formação 2010), dirigido por Joana Pegorari.

A montagem tem influência do Teatro da Vertigem (uma das escolas pela qual a Jô passou). A peça é itinerante, os próprios atores conduzem a experiência do público, que se sente parte dela. Cada espaço do Satyros 2 foi pensado para criar uma atmosfera mágica e surpreender.

Uma exaltação ao amor romântico em todas as suas formas. Fala dos encontros, de plenitude, de sofrimento, de loucura e da eternidade deste sentimento que é tão poderoso. Eles escolherem lendas tupis para compôr a dramaturgia, que foram narradas pelos atores, além de muita cor, sensualidade, música e dança.

Uma galera cheia de tesão, apaixonada... Posso dizer que o brilho no olhar, a amizade e a vontade foram a cereja do bolo que fez todo mundo que estava lá se emocionar.

Evoé, Jojô. Vida longa à sua arte!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Satyri: have to

Oba! Nós temos Satyrianas. Preparem o espírito porque, entre 25 e 28 de novembro, acontece este tradicional festival de teatro de São Paulo. Muitas peças ainda são novas para mim, mas preparei uma listinha do que já vi (ou ouvi dizer que não dá para perder) e indico aqui, caso você também queria fazer sua.


  • Faça um "esquenta" com o Grupo Ilú Oba na Rua Augusta. Formado por mulheres que dançam ritmos africanos e tocam instrumentos de percussão. Elas fizeram meu carnaval esse ano - foi uma delícia. Quem não conhece tem que conhecer!
    • Veja Roberto Zucco. Já falei dele aqui.
    • Assista ao tríptico do diretor Roberto Alvim, formado pelas peças Burger King, O Fim da Realidade e Casa, no Club Noir. Confesso que ainda não consegui assistir nenhuma das três, mas indico mesmo assim porque acho o Alvim brilhante.
    •  R.E.M., é claro. Preciso vender meu peixe!
    •  Justine. A Andressa Cabral dá show. Costumamos chamá-la de "primeira dama do teatro brasileiro". 
    • Hipóteses para o Amor e a Verdade. Tem gente que gosta muito, tem gente que apenas gosta (sou da segunda turma). A peça trata das novas crises humanas e tem recursos de encenação bem interessantes. Dirigida pelo Rodolfo, indicado para o Shell. 
    • Quem tem interesse em conhecer o trabalho dos novos dramaturgos precisa assistir às peças do Dramamix, que acontecem nas tendas.
    Acesse a programação completa aqui. E acompanhe o blog porque farei novos posts sobre o Satyri e também a cobertura. Esta é a primeira lista de várias. Adoro uma lista!

        domingo, 7 de novembro de 2010

        A fórmula mágica

        No ano passado, quando a peça "Palhaços" estava em cartaz lá na Companhia do Feijão, não entendia o porquê de tanto alvoroço, as pessoas se matando para reservar ingresso e lugar. Na época, eu fui vencida pelo cansaço e acabei deixando para lá. O "preguição" perdurou até semanas atrás, quando finalmente resolvi assisti-la, dessa vez no Galpão do Folias.

        O roteiro (texto de 74, do dramaturgo Timochenco Wehbi) é cômico e brutal ao mesmo tempo. O palhaço e um fã da platéia, ao se conhecerem, mostram suas fragilidades e fracassos, mas também as ilusões que criaram para tentar se proteger ou provar (não se sabe para quem) que são alguém. A peça fala sobre a mediocridade das nossas escolhas e sobre a profunda solidão humana, que se apresenta com diferentes máscaras.

        Também foi lindo ver como os atores vivem tão bem o jogo entre eles: parece que um sabe quando o outro vai respirar. Extrema inteligência cênica e cuidado com a relação que experimentam no palco, fundamental no trabalho do clown, no qual a peça está fundamentada. É este tônus que mantêm a qualidade do espetáculo do começo ao fim.

        Danilo Grangheia é daqueles atores que fazem do mínimo o máximo. Tudo é pouco, pequeno, delicado e calculado. É como um calmo vulcão prestes a explodir. A força que ele empresta ao personagem está no riso nervoso de quem acha que é feliz ou no olhar indignado (porém passivo) de quem acaba de ser enganado por um simples e tolo palhaço do circo. Lindo!

        Leia aqui o texto do diretor Gabriel Carmona.


        segunda-feira, 1 de novembro de 2010

        Corra você também

        Quem quer assistir a uma peça muito louca precisa ir ao TUSP nas próximas duas semanas. Está em cartaz a comédia "Corra Como um Coelho", construção coletiva da Companhia dos Outros, dirigido por Fernanda Camargo. É um daqueles espetáculos que você ama ou deixa - quem costuma ir ao teatro para ver realismo não pode nem passar perto.

        Você senta e se acomoda na cadeira para ver qual é. Em poucos momentos, ela até deixa o público escapar pelos dedos, mas logo o agarra de novo e vai com ele até o final.

        A protagonista é uma jovem burguesa que tenta dar sentido a sua vida medíocre contando para a plateia o que fez no dia anterior, no espaço de uma semana. Fala desde a raiva que passou com a cor do esmalte escolhido pela manicure até quem esteve na festa de ontem. Apesar de tanta "agitação", o público enxerga uma mulher solitária e deprimida. Estas engraçadas digressões são o ponto alto da peça e do trabalho de interpretação da talentosa Carolina Bianchi.

        Também em cena, dois homens (Tomás Decina e Pedro Cameron) dão a entender que são seus pretendentes, criando com ela relações e situações do dia a dia.

        A linguagem escolhida dá o tom surreal da peça, que transcorre na dimensão do sonho e da loucura. Tem um quê de Cine Belvedere, que também nos leva para este universo fantasmagórico, com seus figurinos de época e elementos de cena como o lustre e a cabeça de cervo (foto).

        A montagem abre ao público a possibilidade de fazer um milhão de leituras e viagens. Não é de explicar, é de ver.

        Também vale a pena dar uma passada no blog para conhecer um pouco mais a experiência da companhia e as referências que usou para este trabalho.